A HISTÓRIA POR TRÁS DOS DISCOS - ABRE ESSAS PERNAS AO VIVO (2001/2002)
CD - abre essas pernas ao vivo

Era começo de 2001 quando iniciei o planejamento para fazer esse disco e filme. Foi um trabalho dos infernos a produção dos dois shows que seriam gravados em áudio e vídeo para o CD "Abre essas pernas ao vivo" e para o DVD "abre essas pernas ao vivo e a cores".

O primeiro problema era decidir onde. Escolhemos o Teatro Mars em pleno coração do Bexiga, no centro de São Paulo. Alugamos o teatro e saí na correria da produção.  Encomendei com o Binho Ribeiro, grafiteiro e nosso amigo de longa data, o cenário do palco, que seria dividido em fundo e duas laterais. Essas coisas custam caro, mas o Binho fez num preço camarada. Depois a luta para arranjar uma unidade móvel de som e montar uma equipe para a gravação de vídeo num preço que cabia no meu orçamento.

A unidade móvel foi a Altenose estúdios, um ônibus que também era estúdio e ficaria estacionado ao lado do teatro por dois dias. Era o equipamento do "Meinha" que eu já conhecia de outros trabalhos. A operação de áudio ficou nas mãos de Fábio Haddad que vinha trabalhando com a gente desde o Sr Sucesso. Também foi dela a pós-produção, edição e mixagem de som.

Para o vídeo chamei o carioca Daniel Billio, que já tinha trabalhado com a gente no videoclip de "Beijos de Corpo", meu amigo e que gostava da banda. Sua empresa Archivo Filmes ia ficar com a produção de vídeo que naqueles tempos não era coisa simples. Com a ajuda de outros tantos amigos conseguimos fechar toda a gravação.

O Daniel deu a ideia de fazer um minidocumentário da gente na estrada para colocar no DVD. Não lembro se foi antes ou depois das gravações do show que ele e o Edu Quintilho acompanharam a gente em uma viagem dentro do ônibus da banda para colher imagens e fazer as entrevistas daqueles tempos. O documentário ficou bacana e bem editado também.

Com tudo agendado, os shows ficaram para os dias 08 e 09 de junho de 2001. Seis meses de pré-produção para tudo ficar direito. Doce ilusão!

A ideia era fazer dois dias para o caso de alguma coisa sair errada em determinada música a gente tivesse onde pegar. Outra ideia era gravar quatro músicas inéditas durante os ensaios e passagem de som.  Essas músicas entrariam de bônus no CD e uma gravação de vídeo tosca para o DVD.

Como disse foram dois dias de gravação e os problemas começaram logo no primeiro. Alguma coisa inexplicável na técnica de áudio fez a gente perder praticamente todo o primeiro dia de som, exceto as quatro músicas inéditas que haviam sido gravadas na passagem de som. Na hora do show nada saiu direito. A banda estava sóbria demais, não tinha energia e ainda por cima havia problemas nos áudios.

Segundo dia, já mais relaxados, tomamos algumas (muitas) antes e entramos com tudo. Foi sensacional. Dá pra sentir o clima. Todo mundo se divertindo no show. Cláudia e Paulão fizeram um show a parte. Lips colocou uma bandeira de Portugal na bateria, aliás de cabeça pra baixo. Uma noite memorável com um fato triste. Não temos muitas fotos desse dia, as que usamos em gral são cenas retiradas do DVD. Nosso fotógrafo na noite era o Renato Soares, um cara muito bom. Mas ele tirou umas quatro fotos. Uma do Lips entrando e três outras da iluminação do teto. Explico. Ele estava empolgado e não viu que o teatro tinha um poço de elevador que servia para cenas que saiam do subsolo para o palco. Uma quedar de uns cinco metros que podia ter acabado em tragédia. Nós só ficamos sabendo depois do show que ele havia caído e meu irmão levado o coitado para um hospital com fratura na clavícula e um monte de escoriações. No final ele ficou bem e continua nosso camarada.

Muitos amigos ajudaram a desenrolar esses dois dias e não vou colocar todos aqui com receio de esquecer alguém. A memória etílica não funciona muito bem.

Imagens coletadas, som captado parti para a pós-produção, fotos para encarte, design e outros detalhes importantes para deixar tudo redondo. Vale frisar que no começo do século, CDs e DVDs ainda vendiam o suficiente para que uma banda independente conseguisse pagar uma produção cara como essa. Vou dar um exemplo. Só de "reinderização" foram dois dias em um estúdio, coisa que hoje se faz em poucas horas e a "autoração" foi outro parto que custou muito caro. As horas e horas de edição e montagem com o Leone Barcellos e o Daniel também não foi barato. Resumindo. Na época do SR Sucesso eu vendi um carro pra fazer o disco, para o DVD eu teria que vender um apartamento pequeno. A sorte que tinha guardado um pouco de grana da venda dos outros CDs. Quem fez a foto da capa foi a Édi Pereira e a garota que serviu de modelo foi a Lívia Coutinho.  Ela foi maquiada pela Petra Schwars e as roupas foram cedidas gentilmente pela Renata Zulli.

O encarte ficou por conta do André Dias e da Carranca Design e as fotos internas são do Eu Gomes, Guibur, Renato Soares, Marcelo Rossi, Adri Batera, Márcia Lima e outras que não identifiquei. Mário Bortolotto escreveu o prefácio poético que abre o encarte.

O que eu não podia adivinhar é que pouco depois do lançamento do produto a música "Abre essas pernas pra mim" entraria na programação da Jovem Pan e ficaria entre as 10 mais tocadas por um mês, até uma medida judicial a tirar de circulação. Se isso tivesse acontecido antes talvez a história do DVD fosse outra.  A música "Abre essas pernas pra mim" desse DVD atingiu 3 milhões de visualizações no youtube apenas em uma página. Não conseguimos contar todas as vezes que ela apareceu. Um feito para uma banda tão indigesta como as Velhas Virgens.

Show completo npo youtube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLNl7Q-50teNpXq4JgDTMLfP-DgkJWjBy2