A HISTÓRIA POR TRÁS DOS DISCOS - SR SUCESSO (1999/2001)
Data: 25 de Junho de 2020
Autor: Ale Cavalo
Sr Sucesso

Em 1998 a gente entrou em estúdio novamente pra começar a gravar um novo trabalho. Olhando para trás fico impressionado com a capacidade de produção que a gente tinha na época. Mal acabava uma tour e já tinha outro disco pronto.

O grande lance desse disco foi a pré-produção, inteira feita num sítio do pai do nosso baterista Lips, que ficava perto de Riacho Grande, interior de São Paulo. A gente passou um tempo compondo algumas coisas, arranjando outras e, principalmente, tocando juntos. Foi uma época boa. A gente tocava o dia todo e depois saia pra beber. Tinha um barco, numa represa perto do sítio que também era um bar. Apelidamos o lugar de Porkys em homenagem ao filme de 1982.

Quando chagamos com as músicas prontas pra dar uma passada em tudo no estúdio do Fabinho Haddad, no Tatuapé, descobrimos que não tínhamos mais baixista. O Edu Lucena simplesmente saiu da banda e só avisou anos mais tarde, mas essa é outra história.

Meu irmão, André que cuida do nosso site e loja virtual, indicou o cara que ia se tornar o dono das 4 cordas (às vezes 5 e outras vezes 6 cordas, o cara é versátil). Tuca Paiva entrou na banda na véspera de entrar em estúdio pra gravar. E fez uma entrada triunfal. Chegou ao primeiro ensaio atrasado, bêbado e descalço. Ficamos putos da vida, mas era o cara certo pra essa porra de banda. Um cara sem muita memória, porém talentoso pacas.

Gravamos no Magic Studio o "Sr Sucesso!", o disco mais dispendioso e com mais tempo de estúdio que fizemos em toda a carreira. Foram mais de 200 horas de gravação, outras tantas de mixagem, masterização. Em torno de 20 mil dólares foram gastos sem contar a revista que ia Junto com o CD.

Contou com a participação de Luiz Carllini, Célso Viávora, amigo da MPB e Adriana Lessa, VJ e atriz fodona!

A grande novidade é que, como nenhuma gravadora queria lançar a gente, acabei criando a Gabaju Records, nossa empresa por onde lançamos tudo das Velhas Virgens até hoje. Ninguém faz isso porque quer, faz porque precisa. Foi a necessidade que nos levou a ter um selo próprio.

Meu plano era transformar as Velhas numa banda com divulgação voltada para internet e meios alternativos de distribuição. Uma ideia assustadora para a banda. Imaginem, 1998, internet discada, era tudo uma grande incógnita. Paulão achava que nunca ia dar certo.

O planejamento foi feito. Uma revista pôster nas bancas junto com um CD foi o meio alternativo de distribuição escolhido e um site, que seria mais um portal, com tudo da banda ao alcance do fã que tivesse um computador pra isso.

Na época eu tinha uma empresa de história em quadrinhos que nos forneceu toda a experiência em fazer uma revista, nos juntamos com a editora Brainstore do Eloyr Pacheco (já que as gravadoras não nos queriam) e lançamos o primeiro álbum de música inédita nas bancas com uma tiragem de 12 mil exemplares.

Não foi exatamente o sucesso que eu esperava. Esperava bater os 70% de vendas, mas vendemos em torno de 50% da tiragem. O que valeu foi a divulgação bacana que tivemos e lotamos o KVA (casa de show em São Paulo) num lançamento sensacional com a presença de Adriana Lessa (atriz da Globo), Luíz Carlini e Célso Viáfora cantando e tocando com a gente.

Nem tudo eram flores. Nossa gravadora começou com uma baixa. O jornalista Gabriel Bastos Junior (o GABAJU do nome da gravadora), morreu pouco depois da gente fechar a parceria. Ele seria meu sócio nessa empreitada. Uma perda muito sentida, um carioca que eu acolhi como um irmão em São Paulo.

A música Sr Sucesso não foi bem nos primeiros tempos da turnê. Com o tempo as pessoas passaram a pedir em show e acabou virando um dos nossos sucessos undergrounds. Um disco meio fora da curva das Velhas, tem muitas baladas e temáticas que fugiam dos nosso dois primeiros trabalhos.

Não temos mais em estoque, a última tiragem acabou em 2018, agora só nas plataformas digitais.